Workshop «O Ciúme Entre Irmãos»

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Workshop Momentos Nib
Conversas Com os Pais
«O Ciúme Entre Irmãos»
Núcleo de Investigação do Bebé

e

Ateliê Momentos NIB
À Descoberta do Movimento
Sala do Brincar

Sábado, 27 Fevereiro 2010, das 12h às 13h30m

«Quem condena o ciúme, não sabe o que é o amor!» Este é o nosso mote para mais uma conversa animada no NIB! Tão primeiro e real como o amor dos pais pelo seu bebé é a existência do ciúme entre irmãos. A necessidade de confirmação do amor especial e “único” que os pais têm pelo filho surge muito cedo… provavelmente desde que somos gerados. «Sou único e especial para os meus pais, sou diferente do meu irmão». A prova do amor dos pais é da ordem do concreto, da acção. Não adianta dizer que se ama, se isso não é comprovado pelos actos.

Apoiados nas suas investigações com famílias na Sala do Brincar, o NIB apresenta uma nova leitura das relações pais e filhos, onde a tónica é a cooperação, sublinhando a importância relacional da confiança e do entusiasmo pela descoberta do outro.

Venha conversar connosco e traga o seu filho para participar no Ateliê Momentos NIB: «À Descoberta do Movimento», para crianças entre os 18 meses e os 5 anos.    


Morada: Av. Da República, nº 36 A, 6º Esq. 1500 – 123 Lisboa
Workshop para pais: 12,50 euros por pessoa
Ateliê para crianças: 5 euros por criança (18 meses - 5 anos).
Número mínimo de inscrições: 4 adultos.
Marcação prévia em
: bebebrincar@gmail.com


Estamos à sua espera!

Desabafos Parentais: Mãe Marina e a Aventura da Alimentação

Sou mãe do Leonardo de 18 meses e a alimentação tem sido, ao longo deste ano e meio juntos, uma questão difícil em intervalos regulares. No inicio foi a amamentação que não correu bem e o Leonardo perdeu um pouco mais de peso do que o esperado (ainda recordo, com grande vivacidade, a suas pernas pequeninas motivo pelo qual lhe demos o nome de “pernas de galinha” que perdurou durante algum tempo…). Nessa altura, evidentemente, sentia-me responsável porque era eu, e mais ninguém, que não conseguia dar-lhe o alimento necessário. Ele acabou por recuperar rapidamente mas penso que a minha ansiedade sobre se ele estará a comer o suficiente começou nessa altura.

O segundo momento mais difícil começou quando o Leo tinha 5 meses e eu começava a preparar-me mentalmente para o deixar no infantário. De repente, começou a recusar o biberão. Tentámos de tudo – biberões diferentes, posições diferentes, o meu marido a tentar alimentá-lo, etc. Mas nada parecia resultar até que um dia o Leo decidiu por si que já queria o biberão novamente… Calculo que deveria ter percebido nesse momento que, no que diz respeito à alimentação, o Leo é quem manda e que se ele não quiser comer, não há muito que eu possa fazer! Mas foi muito difícil para mim, simplesmente relaxar e perceber que é sempre uma situação passageira e não me preocupar muito com o assunto. Imaginava que ele passaria fome o dia todo enquanto eu estivesse no trabalho e que o nosso “pernas de galinha” apareceria de novo… Isso não aconteceu. Depois de um mês muito difícil em que li tudo o que havia sobre o assunto, o Leo começou a mamar o biberão novamente. Ainda hoje bebe leite antes de se deitar e é, provavelmente, a sua refeição preferida!

O nosso terceiro período mais complicado começou há cerca de um mês. O Leo come, praticamente, o mesmo que nós e, até ao momento, tudo tem resultado muito bem. Está um menino muito crescido que tem comido sempre muito bem no infantário e que não tem sido muito esquisito em relação ao que gosta ou não gosta. Mas isso alterou-se. De repente, começou a demonstrar de forma muito clara, todas as vezes que o alimentamos, que não quer comer. Abana a cabeça, afasta a colher com a mão e dá-nos os pratos que lhe colocamos à frente para o encorajar a comer sozinho. Tem sido sempre assim cada vez que tem de comer. Mais uma vez, tentámos tudo e na maioria das vezes conseguimos fazer com que coma pelo menos metade daquilo comia antes, mas alimentá-lo começa a ser um momento de angústia – tenho a certeza que o Leo sente isso, também, e, julgando pelas outras vezes, devíamos perceber que se trata apenas de uma fase que acabará por passar. Por vezes resulta deixá-lo comer algo sozinho ou entretê-lo com um brinquedo. Outras vezes, mostramos-lhe bonecos animados ou misturamos a comida com a fruta (que ele adora mas já aprendeu a ver se a colher tem comida misturada). O que nunca resultou, como é evidente, é forçá-lo a comer. Desta vez, também li dezenas de artigos sobre alimentação, falei com amigos, etc, e todos dizem a mesma coisa – as crianças não morrem à fome e se não comer hoje, vai comer mais amanhã. Consigo perceber isso mas, emocionalmente, sofro muito quando ele não come e é muito difícil para mim aceitar isso.
Esta fase, esperamos, parece estar a passar. Está a comer melhor novamente, não tanto como anteriormente, mas alimentá-lo já não é a batalha que costumava ser e começo a sentir-me mais tranquila sobre o assunto.

Conversas Com os Pais - Comentários

A Familia Gonçalo, Cristina e Luís partilharam a sua experiência e dúvidas connosco:

«Quando é que os bebés começam a brincar?
O que é para os bebés brincar?
Quais as competências dos bebés para brincar?
Qual a importância de se brincar com os bebés?
Relativamente ao período de observação, elaborada nos momentos NIB, mais a frente irei fazer os meus comentários. Gostaria de em primeiro lugar relatar algumas brincadeiras que o Gonçalo fazia ainda na minha barriga. Na ecografia das 12 semanas, o Dr. Rui, estava fulo, pois tinha que fazer determinadas observações e medições bastantes importantes e o bebé, não parava de dar cambalhotas e de se mexer, o Dr. chegou a comentar “o bebé está a gozar comigo” (gozar = brincar). Mandou-me vestir e ir para os corredores andar para ver se o bebé se acalmava, adormecia. Depois lá conseguiu efectuar o exame.
Na ecografia das 22 semanas, a Dr. Margarida, fartava-se de rir, pois tinha determinadas observações, medições e contagem de membros para fazer, e mais uma vez o bebé não parava de mexer e virar de costas, a Dr. chegou a comentar “o bebé é mesmo engraçado, não para quieto”, (engraçado = brincar). Mesmo assim conseguiu efectuar todo o exame.
Outro exemplo, o bebé estava a mexer-se muito, eu chamava o Luís para ele colocar a mão na barriga e sentir, e o bebé parava automaticamente de se mexer. Brincalhão!
Podia contar mais histórias, mas fiquemos por aqui.
As observações dos momentos NIB, entre o período de Fevereiro 2009 (Gonçalo 3 meses) até Julho 2009 (Gonçalo 8 meses). Durante este período, apercebi-me e dei mais importância ao que seria o brincar do bebé, recordei algumas situações passadas, nos primeiros meses de vida do bebé e estive mais atenta, dai para a frente.
Depressa cheguei à conclusão que as brincadeiras do Gonçalo depois de nascer eram as mais normais, eram todos os períodos de prazer, de comunicação (vocalização de sons), de diversão (com algum brinquedo ou parte do corpo), de felicidade (gesticulação corporal), bem-estar, boa disposição, etc.
Com os momentos NIB, aprendi que os bebés têm os seus ciclos, os seus tempos, os seus momentos de atenção. E isso é importante aprender, para os compreendermos melhor, mas existem rotinas, horários, hábitos que devem ser impostos e cumpridos pelos bebés, para assim viver em harmonia, tirar partido da vida, do brincar.
Há que saber engrenar muito bem estas duas (neste caso três) rodas dentadas, para que o movimento se dê na perfeição. Uma coisa é certa não existe perfeição, mas existem arestas que podem ser limadas e existem dentes que podem ter mais ou menos folgas. E assim sim, podemos iniciar o movimento e prosseguir caminho. Mas existem obstáculos, que não favorecem o bom funcionamento desta engrenagem. Existem pisos irregulares, existe atrito, existem avarias. Mas com o conhecimento que fomos adquirindo, ao longo da caminhada é mais fácil contornar estes obstáculos.
E ai entra a criatividade, a imaginação, a comunicação, o brincar, para que o relacionamento se torne sustentável, saudável, harmonioso, etc.
Com isto, o que quero dizer é que “a brincar, a brincar se dizem as verdades”, isto é, a brincar se pode levar uma vida saudável sem agressividade, com um bom relacionamento – prazer, felicidade, bem-estar.
Todos estes conceitos estão em constante mutação, não são efémeros. Assim como as brincadeiras também se alteram com avançar das semanas. É extremamente importante saber acompanha-las e estar atenta.
Factos reais, os bebés têm as suas preferências, porque procuram quem lhes dê segurança, quem os deixe fazer tudo, quem lhes dá “espaço”, quem está no seu ritmo, quem transmite calma e serenidade, quem conhece e faz as suas brincadeiras preferidas, ou porque simplesmente sente empatia.
O Gonçalo tem uma ligação muito forte com o pai e em geral prefere os homens, avô, tios, primos, amigos (as vozes, a pele da cara, a serenidade, o cheiro, o colo, etc.). Também respeita mais facilmente o pai, cumprindo as suas ordens e obedecendo. Porque razão? Não sei.
A ligação do Gonçalo com a mãe (e outras mulheres tias, primas, educadora) é mais de afectos, carinhos e reposição de confiança no meio de uma brincadeira. Também brinca com a mãe. De uma forma geral, uma tarefa executada pela mãe dá sempre mais trabalho, faz birras, tenta impor a sua vontade, dificulta. Porque razão? Ainda não sei.
Concluindo, o Gonçalo é um bebé sereno, calmo e tranquilo.
Mas ao mesmo tempo, está sempre pronto para a brincadeira (chega a combater o sono); está sempre feliz (bem disposto e a sorrir para todas as pessoas, mesmo com sono ou fome); está sempre atento e é bastante observador, explorador; está sempre a falar (mesmo quando brinca sozinho ou quando vê TV); é muito activo, não pára e pede atenção.
O Gonçalo não é esquisito (adora a inter-acção), brinca, fala, come e dorme em qualquer lado, e por vezes com qualquer pessoa.
Para o Gonçalo quanto mais maluca, barulhentas e mais gente e alegria tiverem as brincadeiras melhor».

Conversas Com os Pais - Comentários

Iniciamos, hoje, a publicação de alguns textos que nos têm chegado com comentários sobre o trabalho que desenvolvemos no NIB. A Mãe Madalena quis partilhar connosco o que tem sido para ela e para a sua família os momentos que partilha connosco. Este é o texto que nos enviou:

«Já não sei dizer se a discussão do grupo se manteve fiel ao programa definido para os encontros que têm acontecido desde 26SET2009 no NIB. Penso que o que mais importava reter do tema permanece, por certo, no espírito de todos aqueles que têm partilhado o chão da sala do NIB: “Na relação com os nossos filhos sugere-se menos disciplina e mais consenso”. Constatamos, com alguma perplexidade, que na relação com as crianças, os adultos (não necessariamente crescidos) continuam a tratá-los como menores. Menores no sentido de terem menos razão / inteligência / capacidade de aprender / perceber o que lhes é transmitido, o que os rodeia. Estou convencida de que o que somos enquanto “pessoas” depende quase tudo (confesso: eu acho que é mesmo tudo, mas aceito que esta afirmação dá forte susto! É que nos mete nos ombros uma gigantesca responsabilidade!) depende do “alimento vivencial“ que lhes vamos proporcionar: que experiências, que afectos, que relações, que pais, que amigos, que escolas, que artes, que conversas, que livros, que cheiros, que atenções, que passeios, que descobertas, que segredos, que olhares…
E é por aqui que, aceitando a essencialidade da disciplina em contextos bem determinados … tivemos – sentados no chão do NIB - dificuldade em pronunciar a palavra disciplina alto e bem articulada. Talvez porque estávamos a associar o uso da disciplina a quem não tem capacidade de discernir, de compreender.
Sentados no chão no NIB, reflecte-se com outra perspectiva:
     Educar no e para o consenso – implica mais tempo.
     Educar no e para o consenso implica tempo para conversar, para explicar porque tem de ser assim e não de outra maneira; implica tempo para aprender a escutar os argumentos dos nossos filhos sem os interromper nem antecipar o que vão dizer e depois mais tempo para voltar a contra argumentar e a propor alternativas.
     O consenso cria um clima de tolerância, ensina a ultrapassar a frustração; fortalece a auto estima porque a criança cresce no respeito pela sua opinião, pois mesmo que não seja feita a sua vontade ela é ouvida, há uma razão para o “não”, e percebe a tentativa de se encontrar uma solução».

Obrigado, Mãe Madalena, pelas suas palavras encorajadoras e de partilha de aprendizagens e experiências. Esperamos poder continuar a contar com o seu entusiasmo!